Em 20 dias, uso obrigatório de máscara reduziu Covid-19 em 47% em cidades alemãs

 

O uso de máscaras faciais para reduzir a circulação do coronavírus foi endossado por muitos experimentos de laboratório, mas poucos mediram quanto esse equipamento pessoal impacta a Covid-19 num cenário real. Finalmente, um estudo feito na Alemanha indica que, em 20 dias, o uso obrigatório de máscaras reduz a incidência da Covid-19 em 47%, em média.

O número saiu de uma pesquisa liderada pelo economista Timo Mitze, da Universidade do Sul da Dinamarca, que estudou a dinâmica da epidemia na Alemanha junto com colegas de universidades do país vizinho.

Para chegar à conclusão, como não podia realizar um experimento controlado, o pesquisador usou recursos de estatística para comparar diferentes localidades em diferentes momentos, à medida que implementavam leis de uso obrigatório de máscara.

A primeira foi a cidade de Jena, que implementou a medida ao longo dos primeiros dez dias de abril. Outras seis localidades alemãs fizeram o mesmo nas semanas seguintes, e ao final do mês todos os estados do país tinham leis obrigando uso de máscaras.

Os pesquisadores levaram em conta no estudo os números da Covid-19 em 401 municipalidades antes e depois da promulgação da lei (local ou nacional) obrigando uso de máscara em lojas e transporte público.

Mesmo naquelas onde a obrigatoriedade ajudou menos, o efeito foi forte, e em 20 dias o número de casos da doença era 15% menor que o do cenário sem uso da força da lei. A cidade que mais se beneficiou da medida foi justamente a pioneira Jena, que teve redução de 75% nos casos comparada ao cenário sem máscara obrigatória.

Os dados estão descritos pelos cientistas em artigo publicado na última sexta-feira (4) na revista científica PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA.

Segundo os pesquisadores, a diferença da eficácia entre as cidades provavelmente esconde o fato de que algumas delas já tinham alta adesão ao uso de máscaras mesmo antes da exigência por lei.

Bom custo-benefício

Os resultados de sucesso em várias delas no período analisado, dizem, dificilmente podem ser atribuídos a outro fator.

“Uma analise detalhada do histórico de todas as medidas de saúde pública nas regiões que estudamos garante que estamos atribuindo corretamente nossas descobertas às màscaras faciais, e não erroneamente a outras medidas”, escrevem Mitze e colegas.

Isso não significa que outras medidas, como implementação de quarentena e distanciamento social, não tenham funcionado. Os pesquisadores apenas as levaram em consideração para separá-las e medir o efeito do uso de máscaras isoladamente.

“Como os custos econômicos do uso de máscara são próximos de zero quando comparados a outras medidas sanitárias, elas parecem ser uma maneira de bom custo-benefício para combater a Covid-19”, afirmam.

Uma das poucas limitações do estudo que os autores apontam é que a pesquisa se limitou à realidade da Alemanha, que tem uma taxa de adesão à lei acima da média e possui estrutura razoável de fiscalização. Dada a evidência extremamente favorável à eficácia da obrigatoriedade, os cientistas sugerem que se busque medir seu efeito em outros países que tenham tomado medidas semelhantes.

O Globo

 

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