Inquérito revela que assassinato de policial em Sete Quedas teve até treinamento

 

O  MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) pediu a abertura de inquérito contra Osmar Santos Espíndola de Oliveira. Ele, que contou com a ajuda de um adolescente de 17 anos, é acusado pela morte do policial civil Arthur Kemechian, executado com 12 tiros no centro de Sete Quedas no dia 6 de fevereiro deste ano.

O promotor de  Justiça Gilberto Carlos Altheman Júnior, com base em provas que fazem parte do inquérito policial,  afirma “ que o crime foi praticado por motivo torpe, já que tanto o denunciado como o adolescente tiraram a vida vítima por acreditar que ele teria mantido casos amorosos com suas respectivas namoradas, bem como que Osmar não ia com a cara da vítima”.

Além disso, segundo o promotor,  o homicídio foi cometido mediante emboscada, já que os autores monitoravam a vítima e a seguiram da praça até as proximidades do Hospital local, onde a abordaram e efetuaram os disparos de forma repentina”.

A promotoria também entendeu que “o denunciado e o menor utilizaram-se de recurso que dificultou a defesa do ofendido, tendo em vista que foram efetuados cerca de doze disparos contra Artur, que estava a curta distância do autor, incapaz de prever ou de se defender dos projéteis”.

Diante das evidências,  o MPMS pediu a denúncia de Osmar Santos Espíndola de Oliveira pela prática dos seguintes delitos: A) Artigo 121, § 2.º, inciso I (motivo torpe) e IV por duas vezes (emboscada e recurso que dificultou a defesa do ofendido), do Código Penal Brasileiro; B) Artigo 244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente (corrupção de menores) C) Artigo 14, caput, da Lei n. 10.826/2003 (porte de arma de fogo de uso permitido) D) Artigo 329, do Código Penal (resistência).

No documento ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, constam detalhes que revelam a frieza dos acusados, antes, durante e depois da execução e que o dois se prepararam com antecedência  para a prática do crime.

Até escolherem as armas do crime o adolescente fez diversas pesquisas no Google para saber quais seriam mais adequadas.  Durante as navegações na Internet, ele também fez buscas em alguns sites para saber como se matava uma pessoa. Ele também fez pesquisas a respeito de bebidas alcoólicas.

Treinamento

“No dia 12 de janeiro de 2020, às 13:34:34, (o adolescente) e Osmar treinam tiros e filmam os disparos. Nota-se que realizam tiros com os veículos em movimento, como se fizessem uma simulação do atentado que ocorreria no dia 06 de fevereiro de 2020 (morte do policial Artur)”, diz um trecho do inquérito, elaborado com em dados obtidos nos celulares dos acusados.

Em algumas das fotos que ilustram o inquérito de mais de 200 páginas, tanto Osmar quanto o adolescente aparecem sorrindo, com pistolas na mão,  como se estivem num parque de diversão com armas de brinquedo.

Dias antes do crime o adolescente e Osmar trocaram diversas mensagens combinando os detalhes como se fosse  um assunto banal. Algumas delas são gravadas em áudios onde os dois agem com naturalidade e até dão gargalhadas.

As 19h47min Osmar envia mensagem via WhatsApp com uma foto em que há duas armas em uma bancada e Osmar pergunta para o adolescente se está pronto e ele que está. Logo após Osmar passa no estabelecimento Frutasul e seguem Artur até próximo do hospital do Dr. Amadeu e desferem vários disparos contra o policial.

O inquérito também contém trechos de conversas que o adolescente teve com a mãe antes da execução e também alguns áudios trocados com o pai. Alguns deles já depois do crime e onde recebe um conselho do próprio pai.

“Aonde se tá meu filho? Você tá onde? Só fala pro pai onde se tá? “. Ele insiste: “Aonde se tá meu filho? O rapaz cabou. O Rapaz morreu.”.

Em seguida o pai envia outro áudio: “Só tem uma coisa que seis tem fazer, tem que…Tem que… ´E… Entrar pra dentro do  Paraguai… Seis tem que…Pra depois se apresentar… Não tem Outra saída.”, orienta o pai do adolescente.

Depois de um tempo o adolescente responde: “Pai, nóis tá bem…Nois tá escundido aqui…Pras bandas aqui…Liga pra mim, liga pra mim”.

De acordo com inquérito, a polícia foi informada que os dois estariam escondidos em uma fazenda na linha internacional de Sete Quedas. Lá eles encontraram o veículo Fiat Uno usado no crime escondido em um matagal. Iniciada a varredura nas proximidades, Osmar e  e o adolescente Guilherme foram localizados escondidos na cabine de um caminhão estacionado na propriedade.

No momento da prisão, ao saírem do caminhão, os acusados tentaram empreender fuga, mas logo foram interceptados pelos policiais. Antes de serem algemados, eles resistiram e passaram a verbalizar entre si dizendo: “Eu falei que ia dar merda, eu falei que ia dar merda matar o polícia”.

Fonte: Midiamax

 

 

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