Moro retorna à cena e mira nas eleições de 2022

Ex-ministro da Justiça volta dos Estados Unidos e está com um pé no Podemos. Pesquisas indicam que ele pode chegar a 30% da preferência do eleitorado

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro desembarcou, ontem, no Brasil vindo dos Estados Unidos – onde mora há um ano. Ele assinará a ficha de filiação ao Podemos na próxima semana, abrindo caminho para lançar a pré-candidatura presidencial. Um dos nomes frequentemente citados para a disputa de 2022, Moro é considerado por especialistas como o que tem maior potencial para encabeçar uma chapa viável de terceira via. O ato ocorrerá no dia 10 de novembro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

O partido anunciou a filiação em meio a rumores de que Moro se encontrará, amanhã, com os principais líderes da União Brasil, legenda resultante da fusão entre PSL e DEM. Interlocutores do ex-ministro afirmam que ainda não há nenhuma confirmação oficial sobre a agenda com a União Brasil, mas acrescentam que o ex-ministro vem conversando com “muita gente”.

Até o momento, Moro não admitiu que se lançará na corrida pela Presidência no ano que vem. Há a possibilidade de ele disputar uma vaga no Senado Federal, no lugar de Álvaro Dias (Podemos-PR). O senador paranaense é um dos principais apoiadores de Moro desde 2018, quando disputou a Presidência da República e citou o nome do então juiz várias vezes durante a campanha.

Álvaro Dias disse que não se manifestará sobre a chegada de Moro até que ele se filie ao Podemos, na semana que vem. Dentro do partido, no entanto, o clima é de empolgação. “Não temos dúvida de que ele é uma das principais opções”, disse o deputado Igor Timo (Podemos-MG). Segundo o parlamentar, um eventual lançamento de pré-candidatura será considerado. “Já existe um processo de articulação nesse sentido”, adiantou Timo.

O deputado também pontuou que Moro representa um dos valores do partido, o combate à corrupção — apesar do entendimento do Supremo Tribunal Federal de que o ex-juiz da Lava-Jato incorreu em suspeição nos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Um dos maiores males da política hoje é a corrupção, não temos um representante com tamanha envergadura que tenha em seu DNA esse combate à corrupção”, comentou Timo.

Especialistas reconhecem o potencial de voto de Sergio Moro. Mas ressaltam que o ex-ministro só deverá se consolidar se houver menos nomes nessa disputa. Segundo o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor da empresa de pesquisa Quaest, Felipe Nunes, Moro pode chegar a 30% das intenções de voto caso ocorra uma aglutinação das candidaturas atuais. “Moro é a terceira via mais bem colocada até o momento. Ele consegue atrair quem odeia Bolsonaro e quem odeia Lula. O ex-juiz tem potencial de chegar a 30% dos votos, o que pode cacifá-lo como a melhor alternativa. Mas tudo depende do número de candidatos disponíveis”, explicou Nunes.

Atualmente, existem, pelo menos, 10 prováveis candidatos para disputar com Lula e Bolsonaro. “Com esse número de concorrentes, é muito difícil que qualquer nome desponte para ir ao segundo turno no lugar de Lula e Bolsonaro”, acrescentou Nunes.

Para Márcio Coimbra, cientista político e coordenador do Mackenzie, Moro tem chance de ser o principal candidato da terceira via. “Moro é um nome ainda com muito apelo popular e imagem ligada ao combate à corrupção. É o nome mais viável de uma possível terceira via”, disse. Segundo pesquisas de intenção de voto para 2022, Moro aparece com um percentual de 7% a 8% na preferência dos eleitores. É o candidato da terceira via melhor posicionado, atrás de Lula e Bolsonaro.

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