‘Ele jogou gasolina e cobertor em cima’, disse mulher antes de morrer com 90% do corpo queimado

Ainda no posto de saúde, Pâmela Oliveira da Silva, de 27 anos, teria contado detalhes do dia em que sofreu queimaduras pelo corpo. A vítima teria contado que o companheiro jogou gasolina e um cobertor sobre ela, em seguida ateado fogo. Ela morreu, na última segunda-feira (22), após ficar um mês internada com 90% do corpo queimado, na Santa Casa de Campo Grande.

Roberto Martins ressalta que a filha lutava para ficar viva, nos últimos dias conseguia falar, mesmo que baixo. “No dia do incêndio, minha outra filha que mora a umas três casas de lá, foi até a casa dela porque tinha acabado a luz na dela. Chegando lá viu a Pâmela chorando, perguntou o motivo e ela disse que não era nada. Ela insistiu e ele [companheiro] xingou. Depois ela foi socorrida”.

Os detalhes sobre o crime assustaram a família, pois, durante o atendimento médico, Pâmela teria contato para a irmã e o pai que havia discutido com o rapaz. O casal estava junto há 11 anos. O crime teria acontecido na presença de um dos filhos, uma menina de seis anos.

“Eles brigaram e ela ia sair de casa. Ela contou que ele pegou um galão de gasolina e jogou no quarto todo, jogou um coberto em cima dela e ateou fogo. O quarto todo começou a pegar fogo. Ela conseguiu ir até uma caixa d’água”.

Ainda abalado, Roberto disse que Pâmela passou 14 dias entubada e sedada, começou a dar sinais de melhora quando retiravam os procedimentos gradativamente após o período em coma. “Ela foi forte, só eu sei o quanto ela foi forte. Não conseguia se mexer, falava baixinho. Ela chegou a falar ‘estou indo embora’ para gente”.

Brigas frequentes

Pâmela não costuma falar sobre as brigas e desentendimentos com o companheiro, entretanto, Roberto conta que por várias vezes seguiu viagem para buscar a filha que ligava pedindo para ir embora da casa que dividia.

“Cansei de pegar a estrada e quando chegava perto do Detran ela ligava de novo e falava que não precisava mais. Eu ligava todo dia, falava todo dia com ela; não falava se ele batia nela, mas que brigavam feio. Ela conheceu ele lá, nós morávamos aqui em Campo Grande, ela foi para lá em 2008 depois da morte da mãe. Sempre fomos próximos, mas ela não contava se sofria violência doméstica, mas que brigavam muito”.

Incêndio

A família da vítima procurou a Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) e alegou que o marido é quem teria jogado gasolina nela e ateado fogo. Após a morte de Pâmela, familiares dela procuraram a polícia informando que no dia 21 de julho, em Rochedo, ela ficou em estado grave após a residência onde mora com o marido pegar fogo. Ao procurarem sobre o ocorrido, os policiais encontraram uma ocorrência registrada como tentativa de suicídio. Entretanto, a irmã afirmou que o suspeito seria o marido da vítima, e que ele teria tentado matá-la.

Foi solicitado que a família procurasse a Deam para formalizar a denúncia e as acusações. No laudo da Santa Casa, onde Pâmela faleceu, consta que ela estava em estado gravíssimo, e tinha indícios de morte violenta pelo corpo, ficando internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do dia 22 de julho até o dia 13 deste mês.

Já na Deam, os familiares relataram que o casal tinha dois filhos em comum, que estavam na residência no momento do incêndio. Entretanto, apenas ela se queimou, enquanto o marido e os filhos conseguiram sair do imóvel sem ferimentos. Eles chegaram a pedir um caminhão-pipa para apagar as chamas e Pâmela foi socorrida por um homem que passava em uma caminhonete, que a levou até o posto de saúde da cidade. De lá, ela foi encaminhada diretamente para a Santa Casa, devido à gravidade dos ferimentos.

Medida protetiva

No dia do crime, o suspeito foi até a delegacia de Rochedo e registrou a ocorrência como tentativa de suicídio e incêndio culposo. Dias antes, ele teria dito a um familiar de Pâmela que tinha uma arma de fogo, e após a internação tentou visitá-la no hospital. Ele ainda teria dito que iria entrar para vê-la de qualquer jeito.

Após a conversa, os próprios familiares solicitaram medida protetiva de urgência contra o suspeito, que foi concedida. Ele deveria ficar a uma distância mínima de 300 metros dela, mas Pâmela sequer pôde assinar o referido pedido. O caso será investigado e o suspeito ainda não foi localizado.

“Ele queria visitar e entrar no quarto dela a todo custo, tivemos que proteger”, disse o pai.

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