Jejuar até à morte para conhecer Deus: o ritual da seita que tirou a vida de 110 fiéis no Quênia

Um caso de fanatismo religioso no Quênia tem preocupado autoridades locais depois que 110 pessoas foram encontradas mortas na floresta de Shakahola, no leste do país, após supostamente seguirem o ritual de uma seita que prega aos seguidores o jejum até a morte. O líder do grupo é o pastor Paul Mackenzie Nthenge, um ex-taxista que fundou a própria entidade em 2003. Atualmente, a Igreja Internacional da Boa Nova tem unidades espalhadas por várias regiões e conta com mais de três mil fiéis.

Apesar de elevado, o número de 110 mortos, que inclui muitas crianças, pode ser ainda maior. O governo do Quênia continua vasculhando a floresta de mais de 300 hectares, situada perto da cidade costeira de Malindi. Os agentes buscam por outras valas comuns.

A investigação do caso teve início no começo de abril, após uma denúncia de que havia uma possível “vala comum” na floresta. Segundo a polícia queniana, Nthenge seria o responsável por orientar aos seguidores a prática de jejuar por períodos enormes. No dia 15 deste mês, ele foi preso. Em março, ele já havia sido detido e indiciado. No entanto, pagou fiança de 100 mil xelins quenianos e foi liberado. No Brasil, o valor seria equivalente a R$ 3,7 mil.

Agentes de segurança carregam um jovem resgatado da floresta em Shakahola, nos arredores da cidade costeira de Malindi, em 23 de abril de 2023 — Foto: Yasuyoshi CHIBA / AFP

Agentes de segurança carregam um jovem resgatado da floresta em Shakahola, nos arredores da cidade costeira de Malindi, em 23 de abril de 2023 — Foto: Yasuyoshi CHIBA / AFP

Até o momento, o relatório policial indicou que agentes receberam informações de que as pessoas morreram de fome “com o pretexto de conhecer Jesus”, depois de o religioso ter feito uma espécie de “lavagem cerebral” nas vítimas.

Anos antes, em 2017, Paul lançou um canal no YouTube. Na conta, é possível encontrar vídeos de algumas pregações feitas por ele na igreja. Na época, ele estava em Malindi, uma das unidades espelhadas pelo território queniano. Na filmagem, o homem alertava enfaticamente aos fiéis sobre práticas tidas como “demoníacas”. Dentre elas, estava o uso de perucas e fazer transações digitais de dinheiro.

A descoberta chocou toda a nação, e o presidente William Ruto prometeu reprimir aqueles que “usam a religião para promover seus atos hediondos”.

Fonte: o globo

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