Novo remédio contra queda de cabelo tem ‘menos eventos adversos e é para uso contínuo’, diz Unicamp

Professora de dermatologia que participou da fase 3 do estudo do baricitinibe, droga aprovada pela Anvisa para tratamento da alopecia areata, doença autoimune que provoca queda capilar, diz que medicamento apresenta ‘melhor perfil de segurança e eficácia’.

O novo remédio aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento da alopecia areata, doença autoimune que provoca queda capilar, tem recomendação para uso contínuo e apresenta, segundo uma professora de dermatologia da Unicamp, “menos eventos adversos” que outros medicamentos disponíveis no mercado.

Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Renata Magalhães explica que o baricitinibe, também conhecido pelo nome comercial de Olumiant, apresenta “melhor perfil de segurança”, com “menos eventos adversos por ter mecanismo de ação diferente” dos medicamentos atuais, como os corticoides e imunossupressores.

“A alopecia areata é difícil de tratar, com pacientes que podem repilar espontaneamente, e outros mesmo com tratamento prolongado podem não responder. É uma doençe de curso imprevisível, e a vinda de novos mecanismos é muito bem-vinda”, destaca.

A dermatologista explica que até o momento, os tratamentos disponíveis para alopecia têm um bom resultado quanto se está usando o medicamento, e quando para, há risco de perder. Por isso, a princípio, o tratamento é de uso contínuo.

Avaliação individual

Ainda de acordo com Renata, que é professora de dermatologia na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, um dos centros que participou do estudo com 1,2 mil pacientes em todo o mundo, há inúmeros fatores que podem interferir no tratamento, como o tempo de evolução da doença.

Nesse cenário, quanto mais recente a manifestação da alopécia areata, melhores as chances de repilação (volta dos fios).

A dermatologista destaca que há necessidade de avaliação individual, mas em geral, pessoas mais idosas e com comorbidades, como doenças cardiovasculares, colesterol alto e trombose, têm mais risco de eventos adversos – além daqueles que tenham sensibilidlade a algum componente da fórmula.

“Importante lembrar que ele interfere no sistema imunológico, então pacientes com hepatite, tuberculose ou infecção bacteriana ou viral, precisam tratar o episódio primeiro, e não devem tomar o remédio até ter a situação controlada”, explica.

Vale ressaltar que a condição alvo do tratamento é diferente da alopecia androgenéticaa calvície que herdamos de nossos familiares.

Como se trata de uma nova indicação terapêutica, o medicamento já está disponível. Em nota, a fabricante Eli Lilly do Brasil informou ao g1 que a dosagem de 4 mg tem um preço máximo ao consumidor (PMC) de R$ 5.648,25, sem impostos.

Estudos

De acordo com o FDA, a agência regulatória de saúde dos EUA, que também aprovou a indicação do Olumiant para a alopecia areata, a eficácia e a segurança do baricitinibe foi estudada em diversas pesquisas.

Um estudo chegou a comprovar pelo menos 80% de cobertura capilar do couro cabeludo em pacientes após 36 semanas de tratamento.

Outra pesquisa mostrou que 22% dos pacientes (de um total de 184) que receberam 2 miligramas do Olumiant e outros 35% (de um total de 281) que receberam 4 miligramas alcançaram uma cobertura adequada do couro cabeludo. Por outro lado, apenas 5% dos pacientes (de um total de 189) dessa mesma pesquisa que receberam placebo (substâncias inertes) apresentaram o mesmo resultado.

Com um ambulatório que atende casos relacionados a cabelos, a Unicamp foi um dos centros escolhidos pela farmacêutica para participar da fase 3 dos estudos, e o processo teve início antes mesmo da pandemia da Covid-19.

Ao todo, foram selecionados nove participantes entre pacientes que tinham critérios para inclusão no estudo – todo o protocolo, padronizado entre todos os centros, foi voltado para maiores de 18 anos.

Renata Magalhães destaca que após o encerramento do estudo, pacientes que se beneficiaram pelo uso do baricitinibe foram convidados pelo laboratório para manter a aplicação, e quem não apresentou boas respostas ou não teve interesse, voltou aos demais tratamentos que a instituição oferece.

Fonte: G1

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