Major é condenado a 15 anos por lavar dinheiro usando rede de empresas

Parte da quantia veio de golpe contra espólio de um milionário, investigado em 2010 na operação Vitruviano, da Polícia Federal

A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande condenou o major Sérgio Roberto de Carvalho a 15 anos de prisão por crimes de lavagem de dinheiro. Parte da quantia veio de golpe contra espólio de um milionário, investigado em 2010 na operação Vitruviano, da Polícia Federal. A juíza de Mato Grosso do Sul que liberou R$ 3,9 milhões do espólio de Olympio José Alves em tempo recorde foi aposentada compulsoriamente.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), que denunciou 22 pessoas, Major Carvalho teria liderado, entre os anos 2000 e 2007, esquema de lavagem de capitais, com aquisição da usina e fazenda Centro Oeste, localizada em Juscimeira (Mato Grosso); simulação da venda do bem a Olympio José Alves, com saque de R$ 3,9 milhões; pulverização da quantia em várias contas bancárias; e utilização de rede de empresas para o branqueamento de capitais.

A rede incluía dez empresas, sendo muitas inativas ou de fachada. “Sérgio Roberto estruturou uma vasta rede de empresas, cujas razões econômicas seriam indelevelmente ligadas à prática de lavagem, sem subsistir de fato no mundo fenomênico (empresas de fachada), ou estavam postas à disposição, para além de suas ordenanças, dos mecanismos de lavagem, estando todas registradas em nome de terceiros (laranjas)”, aponta, na decisão, o juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira.

Fraude de R$ 4 milhões – O enredo em que o crime de lavagem cruzou com o do patrimônio do milionário começou em 19 de janeiro de 2005. José Olympio, que faleceu em 15 de junho daquele ano, teria adquirido por meio de um procurador a usina e a fazenda no Mato Grosso por R$ 750 milhões.

Posteriormente, descobriu-se que a procuração era falsa. O valor seria pago à empresa KLB Transportes. Curiosamente, a empresa assumiu o patrimônio apenas em 29 de maio de 2005. Ou seja, vendeu o que não era seu. A data foi anterior ao falecimento para permitir a fraude. A dívida foi executada na Justiça de MS, que liberou o pagamento de quase R$ 4 milhões.

A quantia foi sacada em 2007 e fracionada entre várias empresas e pessoas físicas. Conforme a denúncia, a finalidade de pulverização dos valores era dissimular a origem do valor e o seu real destino: o Major Carvalho.

O oficial da PM (Polícia Militar) foi condenado a 15 anos e três meses, com regime inicial fechado. A condenação foi por ocultação de patrimônio por meio de movimentação financeira em cinco empresas, sendo uma delas a KLB. Transporte e Comércio de Combustíveis. As demais 21 pessoas foram absolvidas. A rede de laranjas tinha funcionários do major, mas pessoas simples, com pouco ou nenhum estudo.

Cocaína e jogatina – Sérgio Roberto de Carvalho já foi denunciado por contrabando, tráfico, evasão de divisas e exploração de jogos de azar. Ele foi condenado em ação penal do ano de 1997, por tráfico de 237,5 quilos de cocaína.

O oficial foi alvo também da operação Xeque-Mate, em 2007, sobre exploração de máquinas de caça-níqueis. Conforme o histórico do réu traçado na decisão, ele foi absolvido dos crimes de corrupção ativa e quadrilha, enquanto o crime de contrabando prescreveu.

Em 2009, foi denunciado na operação Las Vegas, relacionada à jogatina. A Justiça arquivou o processo devido à grande possibilidade de prescrição dos crimes de contrabando e formação de quadrilha. O crime de exploração de jogos de azar também prescreveu na Justiça Estadual.

“A configuração da prescrição em ambos os casos não impede a sua caracterização como crimes antecedentes, já que não houve qualquer posicionamento judicial de que os fatos delituosos não tenham sido cometidos pelo acusado”, informa a decisão.

Sérgio Roberto Carvalho chegou a ser expulsos da Polícia Militar, mas foi reincorporados por decisões judiciais e está na folha de pagamento do governo do Estado. O policial tem remuneração de R$ 11.105, por meio da Ageprev (Agência de Previdência de Mato Grosso do Sul). A reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial.

Fonte: Campo Grande News

 

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