Presidente do Senado Rodrigo Pacheco já admite ser candidato à sucessão presidencial de 2022

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, finalmente abriu a guarda. Em conversa com um interlocutor de sua estrita confiança, como se uma coisa dessas existisse no mundo da política e, especialmente, em Brasília onde tudo vaza, ele admitiu que trocará o DEM pelo PSD de Gilberto Kassab, e – quem sabe? -, se tudo conspirar a favor, será candidato à sucessão de Bolsonaro.

Ele é alto, bem apessoado, e vem de Minas Gerais, o terceiro maior colégio eleitoral do país. Mas não só por isso. O PSD terá candidato próprio aos governos de Minas (Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte), do Rio (possivelmente Eduardo Paes, eleito prefeito há dois anos), São Paulo (Geraldo Alckmin de saída do PSDB), Paraná (Ratinho Junior) e Santa Catarina (Raimundo Colombo).

Quando o fundou, Kassab definiu o PSD como um partido que não seria de direita, nem de esquerda e nem de centro, podendo, no entanto, se entender com qualquer outro que fosse. Depois de 10 anos, o PSD é dono da quarta maior bancada da Câmara, e saltou nas eleições municipais do ano passado de 538 para 634 prefeitos. Nesse quesito, é o terceiro maior do país.

Pacheco deu ao seu interlocutor a impressão de não se reconhecer por ter revelado o que ocultava. Estava sóbrio quando o fez, o que para ele é fácil porque só bebe socialmente. Em público, é formal no trato com as pessoas e cobra respeito à liturgia do cargo que ocupa, mas em sua casa relaxa. O interlocutor disse que ele parecia aliviado de ter se livrado do peso de carregar um segredo.

Mineiro como Pacheco, Tancredo Neves, o presidente da República que não tomou posse porque foi operado na véspera e morreu 52 dias depois, ensinou que segredo só guarda quem não sabe. A uma pessoa que lhe perguntou se poderia contar um segredo desde que ele o guardasse, Tancredo respondeu: “Mas se você não consegue guardar seu segredo, por que eu o guardaria?”

A candidatura de Pacheco virou um segredo de polichinelo. Ultimamente, ele tem dado sinais de que está disposto a encará-la em breve, e assim se mostra mais arrojado em distinguir-se de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, aliado do presidente Jair Bolsonaro, e em remar na contramão do governo. Tem sabido aproveitar todas as oportunidades.

Enquanto Lira e ministros sopram para jornalistas que o voto impresso, mesmo derrotado na Câmara, poderá avançar por meio de negociações com o Tribunal Superior Eleitoral, Pacheco afirma que o assunto está encerrado e que o Senado nada fará para reabri-lo. Lira diz não ver intenções golpistas em Bolsonaro. Pacheco sai em defesa da democracia sem tergiversar. Carta jogada. A ver.

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